Enfim podemos ouvir “Deceiver”, o novo álbum dos gigantes do Death Metal melódico sueco ARCH ENEMY. Esse é o décimo primeiro álbum de inéditas da banda e o terceiro que conta com os vocais de Alissa White-Gluz. A espera foi grande. Alissa havia feito um bom trabalho em War Eternal (2014) e consolidado sua aceitação pelos fãs em Will to Power (2017), provando ser a escolha certa para substituir Angela Gossow.
O que dizer desse álbum?
A sonoridade permanece a mesma, riffs avassaladores e rápidos, vocal gutural e solos de guitarra super melódicos. Alissa está cantando como nunca e não é só em estúdio, a banda já estava em turnê antes mesmo de lançar o álbum, como podemos notar pelos vários vídeos das apresentações no Youtube e redes sociais.
Vamos às músicas:
O álbum inicia com Handshake With Hell. Essa música já havia sido lançada como single há seis meses. Eu achei que essa canção não tem a força de uma faixa de abertura como The Race em Will to Power. Para mim essa música não está nem entre as melhores do álbum. A meu ver ela se parece com uma música de Power Metal convencional, com uma batida bem Hard Rock – algo que não esperamos do ARCH ENEMY. Alissa usa bastante seus vocais limpos aqui. A melodia do refrão até lembra seus conterrâneos do AMARANTHE – sem os teclados enfadonhos é claro. Creio que como single ela até pode funcionar, para atrair um público que não está acostumado com um som mais extremo. Resumindo, a música não é ruim, mas não creio que tenha sido uma boa escolha para a abertura do álbum.
Assista o vídeo clipe de Handshake With Hell:
Deceiver, Deceiver vem em seguida. Esse foi o primeiro single do álbum lançado ainda em 2021. Essa música sim, mostra a essência do ARCH ENEMY. Riff pesado de entrada, um grito estrondoso de Alissa e um andamento rápido e eficiente. Essa seria a minha faixa de abertura. Desculpe por insistir nisso, mas acho importante começar o álbum com toda energia possível. A música tem diferentes estruturas e andamentos e o refrão é bem violento.
Assista o videoclipe Deceiver, Decceiver:
In The Eye of The Storm tem uma linha de baixo constante que mantém seu andamento cadenciado sem muita surpresa até o final. É uma música bem pesada e tem um refrão cativante, um pouco pop até. Ao ouvir a música pela terceira vez, notei o quão bem construída ela é.
Assista o videoclipe de In the Eye of the Storm:
The Watcher é, a meu ver, o ponto alto do disco. Apesar de achar o solo inicial dispensável, afinal ele sempre se repetirá nos refrãos, a música é pesada, rápida e tem toneladas de guitarras melódicas, ou seja, tudo que esperamos de um álbum do ARCH ENEMY. Está fadada a se tornar um grande clássico da banda. Recomendo que assistam ao videoclipe dessa música que acabou de sair do forno – dia 14 de agosto de 2022 – que é uma obra prima, feito a partir de partes dos shows da nova turnê da banda.
Assista o videoclipe de The Watcher:
Poisoned Arrow inicia com uma introdução muito bonita e um dedilhado que nos remete a Reason to Believe. Apesar de bem cadenciada e com partes mais reflexivas, Alissa usa seus vocais guturais do início ao fim, o que cria um contraste bem interessante. Eu diria que ela destoa um pouco do restante do álbum, mas está longe de ser ruim. Aliás ela tem uma atmosfera de fechamento de álbum, por isso eu não me incomodaria de ouvi-la ao final. Eu sei, eu realmente dou bastante valor à ordenação das músicas. Deve ser TOC.
Sunset Over Empire, que também já havia saído pouco antes do lançamento oficial do álbum como single, é outra ótima canção. Ela não deixa a peteca cair. É como se a música anterior fosse uma tomada de fôlego para introduzi-la. O baixo de Sharlee D'Angelo é super presente e as guitarras soam muito grandiloquentes.
Assista o vídeo clipe Sunset Over Empire:
House of Mirror também já havia sido lançada no final do ano passado. Ela tem a mesma pegada da anterior. É uma excelente canção que remete ao ARCH ENEMY tradicional.
Assista o vídeo clipe de House of Mirror:
Spreading Black Wings vem em seguida com uma introdução que se parece em alguns momentos com Phantom of the Opera. A música é cadenciada e carrega um peso impressionante. Tem um refrão bem na linha Dimmu Borgir e uma atmosfera gótica.
Mourning Star é uma bela música instrumental reflexiva e bem melancólica, que poderia servir de introdução para o álbum como foi Set Flame to the Night no Will to Power (2017)
Em seguida temos One Last Time. A música tem uma pegada bem tradicional destoando um pouco do que chamaríamos de Death Metal melódico. Tem um riff de guitarra que lembra algo de JUDAS PRIEST. Há uma parte recitada antes de entrar no refrão que é bem legal. O refrão é bem melódico e cativante. Gostei bastante dessa música. Uma das melhores do álbum em minha humilde opinião – mesmo não sendo uma música padrão ARCH ENEMY.
Para fechar o álbum temos Exiled From Earth. Essa música tem um clima bem interessante e funciona bem como fechamento. Tem um refrão bem melódico como a anterior, porém é mais direta.
Ou seja, mais uma vez um ótimo álbum de Metal contemporâneo de uma das bandas mais celebradas da atualidade. Não há nada de novo comparado aos últimos trabalhos da banda. Talvez uma maior utilização de temas estranhos ao Death Metal. Podemos notar solos estilo HELLOWEEN ou HAMMERFALL, viradas de bateria que poderiam se encaixar muito bem em uma música do RATT ou do MÖTLEY CRÜE e riffs que remetem ao Heavy Metal tradicional. Sharlee D'Angelo se mostra um baixista eficiente e parece ter ótima presença neste álbum em especial. A dupla de guitarristas Michael Amott e Jeff Loomis estão, como sempre, bem entrosados. Daniel Erlandsson se mostra um baterista muito versátil e preciso, e a voz de Alissa White-Gluz é o elemento aglutinador de tudo. A gata de cabelos azuis está mais imponente que nunca e, é fácil notar o quão segura ela está em suas performances.
Tracklist de Deceivers:
1 Handshake with Hell
2 Deceiver, Deceiver
3 In the Eye of the Storm
4 The Watcher
5 Poisoned Arrow
6 Sunset Over the Empire
7 House of Mirrors
8 Spreading Black Wings
9 Mourning Star
10 One Last Time
11 Exiled From Earth
André Stanley é escritor e professor de História, inglês e espanhol. Também atua como designer gráfico e fotografo. É autor do livro "O Cadáver" e editor dos blogs: Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher. Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys.
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