Hoje em dia as cervejarias brigam para produzir a garrafa mais moderna, a mais transada ou simplesmente a mais diferente. Tudo por motivos mercadológicos. Mas Na década de 60, Alfred Heineken - CEO da cervejaria Heineken, naquele momento – teve a grande ideia de criar uma garrafa que fosse reutilizada na construção civil. Segundo dizem, Freddy, como era conhecido, ficou chocado com a pobreza das casas dos habitantes de Curaçao, antiga colônia holandesa no Caribe. E também chamou sua atenção a quantidade de garrafas de vidro jogadas nas praias da ilha.
Ele contratou o renomado arquiteto holandês John Habraken para projetar uma garrafa que fosse parecida com um tijolo. Com um design totalmente renovado, Habraken desenhou as garrafas com o fundo recuado para que o gargalo de outra garrafa pudesse ser encaixado nela.
As garrafas poderiam ser empilhadas como tijolos, e com ajuda de argamassa poderia construir uma casa tranquilamente. Foram necessários três anos até o lançamento da garrafa em 1963, chamada Wobo, abreviação para World Bottle, ou ‘garrafa mundial’, em inglês.
No mesmo ano, foram produzidas cerca de 100 mil garrafas. O que seria suficiente para construir 10 casas pequenas).
A ideia porém, não vingou, mas as fotos da experiência estão expostas na fábrica da Heineken na Holanda. Freddy, morreu em 2002, e hoje é reverenciado como um visionário a muito a frente de seu tempo pelos defensores do meio ambiente.
Gosto da ideia de ter garrafas que se transformam em matéria prima para construir uma casa. Isso ajudaria, por exemplo, na diminuição do acumulo de lixo urbano. Além do mais conheço pessoas que consomem tanta Heineken que poderiam construir uma mansão. Se todas as cervejarias optassem por essa estratégia creio que teríamos bastante matéria prima para construção de casas populares. Como disse John Habraken
“Imagino que a WOBO estava à frente do seu tempo… nós criamos a expectativa da responsabilidade social corporativa com o tempo, e como consumidores, faremos o necessário para ajudar”
John Habraken
Em 2011 a ONG Africa Community Trust realizou um projeto de unir a necessidade de diminuir a poluição e ao mesmo tempo prover a população de baixa renda com material de construção barato e resistente. Os idealizadores propuzeram a substituição do tijolo por garrafas PET e areia. Na Nigéria, Inicialmente foram construídas 25 casas em um terreno doado por um empresário. Cada casa contém quarto, sala, banheiro, cozinha e um pátio e utiliza 7800 garrafas plásticas. Uma casa de 58 m² custa em média 12.700 dólares. (dados de 2013).
Apesar de este projeto ter sido feito na Nigéria já no início da primeira década do ano 2000 já havia pessoas construindo casas com garrafas PET na Índia, na América Latina, inclusive no Brasil. Recentemente uma educadora de Foz do Iguaçu foi tema de uma reportagem do G1, ao construir uma casa feita a partir de garrafas de vidro doadas pela comunidade.
Creio que no futuro esse tipo de iniciativa será mais comum, aliás nossos recursos são finitos e nossa capacidade de poluir o meio ambiente é enorme. Creio que John Habraken era um visionário que previu essa necessidade já nos anos 6o e como tinha recursos decidiu agir, mas obviamente que o mundo ainda não estava pronto para isso naquele momento. Mas sua ideia prevalece.
Fontes
https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2013/01/22/casas-de-garrafas-ideias-novas-para-problemas-antigos/ ( acesso em 23/02/2021)
https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2020/09/29/educadora-constroi-casa-com-garrafas-de-vidro-em-foz-do-iguacu-alem-de-tirar-do-meio-ambiente-vou-ter-meu-cantinho.ghtml (acesso em 23/02/2021)
André Stanley é escritor e professor de História, Inglês e Espanhol, autor do livro "O Cadáver", editor dos blogs: (Blog do André Stanley, Stanley Personal Teacher). Colaborador do site especializado em Heavy Metal Whiplash. Foi um dos membros fundadores da banda de Heavy Metal mineira Seven Keys. Também é fotógrafo e artista digital.
Comments